quinta-feira, 26 de novembro de 2015

LâMinas




Da lama ao caos, do caos à lama
Lamocáusto recruta nativos para fora da cama

Lamas, Minas... laminas
Laminam eles.
Laminas tu?
Lâminas sobre o azul

Ar, beleza
A casa
há tristeza
que se aplique?
Titanic.

Hiroshima
pantomínima
Mimata primata!

Lamáguas
mágoas
Lá, águas...
Agora?
Agora só lágrimas.



sexta-feira, 30 de maio de 2014

Da vida.


no sentido errado
ficou maluco, como se estivesse
anda conseguiu
no fim de tudo
mas sorriu
e sempre quis...
como você não foi
quer que consiga ser feliz
diferente...
mas não quer que a pessoa faça
e você quer que isso aconteça
e um dia alguém vai ler o que você escreveu
mas quer acreditar que vale à pena
e então você já sabe onde entra
mas, na verdade, não é isso
eles escolheram que seria assim
só estão infelizes
eles não erraram
mas não querem admitir a escolha errada
e, na verdade, escolheram sim
eles querem acreditar que escolheram isso
como se quisessem cair
caem como se fizesse sentido
então caem
que estão arrependidos
mas eles não querem acreditar
a vida não foi perfeita
o quanto é mentira
o quanto dói
não querem admitir para eles mesmos
mas a verdade é que
eles respondem que sim
Você é satisfeito com tudo que fez até agora?

De - vagar



                                                    
O poeta tolo enfadou de verso
Não queria mais ler
o inverso
do seu ser
Cansou de ver nas palavras
Sua vida que não levava
Seus remédios e todo o prazer
Que não usava
Cansou de querer no papel
de amar na tinta
enrigeceu de passar as páginas
e não chegar na esquina
Ficou tolo, insano
desdenhava do verso como usava o pranto
E desastrado borrava a folha
mas ainda a queria
E quanto mais via a rima
disperso
mais escrevia e sorria
O poeta tolo mergulhou no mar de estrofes
e no caminho desorientado da poesia
Ele lutava contra o ser que era
e desistia.
E bastava ver um poeta
que despedaçava desabrochando suas pétalas
Bastando se olhar no espelho
e via que nada mais fazia sentido em seu corpo
se não, evocar toda essa
incompreensão lógica e
cheia de sentido e tudo que se possa sentir...
Via que o confuso lhe bastava
e a confusão das palavras
lhe era constante
Como uma enxurrada de palavras
que chega a todo instante
tropeçando umas nas outras
como se dissessem que já deveriam ter saído dali a muito tempo.
Dali de onde os olhos não podem chegar
nem mesmo o coração pode sentir:
da alma.
O poeta que leu, talvez se emocionou.
Se viu no espelho
como alguém que percebe que pra ser poeta é preciso nascer.
Ser poeta é ter as mesmas palavras mas conseguir dizer
o que a alma quer mostrar.
Sinto que sou poeta
Sinto que penso no décimo verso quando estou no primeiro
Sinto que sorrio quando penso em poesia
mesmo tendo me cansado o dia inteiro.
Sinto que é verdadeiro
e por isso sou poeta...
Não porque escrevo ou mantenho a porta aberta.
...Mas porque sinto.
Sinto vontade de chorar
porque sinto que, talvez... depois de mim
outro poeta, não tolo, vai ouvir a minha alma
através de meus versos e vai dizer:
Ele renasceu aí.
Afinal, o que não é o poeta senão a contradição?
O que não é o poeta se não o errar?
O confundir?
e deixar por isso mesmo
O que não é a poesia se não um manuscrito
disso mesmo
de si mesmo
A poesia, põe, sim, ah!
Evocar!
Ele é poeta
evoca..
E de repente percebe que tudo se encaixa
...E chora.
Preciso terminar meus versos antes que eles me terminem.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A grandeza consiste no olhar... No fixo e no desvio desse olhar

A grandeza consiste no olhar... No fixo e no desvio desse olhar
A grandeza consiste no envergonhar e no querer maior que o ficar
Consiste quando você fica mesmo quando não convém
Mas também consiste no que de você fica, mesmo quando você não vem...
Consiste naquilo que você pede e não naquilo que você tem.
Ser grande é ser o que não saiu do corpo
É aquilo que não aparece mas que vive no escuro e ilumina tudo de escuro, que existe por dentro e que entra, cada vez mais.
É aquilo que é grande e lhe faz brilhar mesmo nessa escuridão
É a luz de Tieta que ainda canta à capela
E que se deixar, chora, se chega uma nota...
O que te faz grande é o quão grande você pode sentir
É a intensidade do que pode fazer sentir em alguém que se deixar sentir.
A grandeza está em viver aquilo que nem acontece.
É aquilo que te tira do foco e o que te põe
É tudo que te degrada
E o muito que te compõe
É aquilo que mente ao coração
Pro corpo não mais chorar
É aquilo que te atrasa
E o longe que quer chegar.
Qual é o seu foco? Quais são?
O que te faz grande é a sua luz mas também sua refração.
Tua dança, teu verso, tua canção...
Teu endereço no mundo dos sonhos.
Ser grande dói
Talvez porque pesa, sobrecarrega
Talvez porque puxa empata ou atravessa
Ser grande inspira e sufoca.
Ser grande é se sentir pequeno.
É saber ser grande e não acreditar ser.
A grandeza é pensar demais e não querer pensar.
Ser grande é ser imprevisível.
Ser grande é admitir, se render.
Ser perdido, ter noção de estar perdido... e se esconder.
É ser pequeno e reconhecer, se enganando.
É se importar.
Ser grande é amar a música que nem foi feita pra você. Já que grande o amor já é sem te ter.
O que te faz grande é o que te deixa do avesso
O que você tem de apreço pelo que não te quer mais
O que te faz grande é o que te faz.
O que te faz grande
É o que você deixou pra ontem, pra amanhã
E pra nunca mais...
É querer ter notícias tuas e, constantemente, um pouco mais...

sábado, 22 de junho de 2013

Sobre o protesto cotidiano

A minha luta eh partidária! Aliás, a minha luta não, a minha defesa. 
Eu defendo um partido sim. 
Eu defendo o partido da ética e da paz. 
Eu defendo o partido do brasileiro humano, aquele que age sem egoísmo mesmo quando isso muitas vezes acabe por fragiliza-lo ou torná-lo vítima, pois ele sabe que quem faz parte do seu partido vai fazer isso valer a pena. 
Defendo o partido da sinceridade, da não influência. 
O partido do livre pensar do pouco julgar e do muito disseminar. 
O partido da curiosidade e do questionamento diante dos fatos e discursos da maioria. 
Sou contra o partido da teoria e defendo o partido da prática, do exemplo mais que o do sábio que muitas vezes é hipócrita. 
Sou do partido da cabeça aberta à todo tipo de opinião e formadora de uma opinião filtrada e aceita à críticas e ajudas. 
Defendo o meu partido, e defendo que ele não seja só meu, defendo aliás, que ele seja cada vez menos meu. 
Porque o negócio do meu partido é dividir, compartilhar, e o lucro é eleger o meu partido de forma que seja insignificante e indiferente aquele que o represente.

Por Gabriela Albano Lins e todo aquele que se identifique.
Guardando mais um trabalho 
Música "vinte centavos" 
composição: Gabriela Albano Lins e Ana Luisa Lincka 

http://m.youtube.com/#/watch?v=J3G7PXGeOwo&feature=youtu.be&desktop_uri=%2Fwatch%3Fv%3DJ3G7PXGeOwo%26feature%3Dyoutu.be

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Breve reflexão natalina (ou natalense, como preferir)

      Fui assistir ao espetáculo de fim de ano "Um presente de Natal". A minha sensação ao chegar no anfiteatro do campus foi imprevisível. Não sei se tenho propriedade para escrever algo sobre a minha cidade e sua gestão pública mas sabe-se que não é necessário ser "entendido" para perceber que a situação atual de Natal é vergonhosa, revoltante, entristecedora... Nem mesmo o bom e velho pão e circo funciona de fato. Não tem disfarce, o desrespeito e o roubo é descarado e a gente se pergunta -em meio a um monte de xingamentos involuntários em nosso pensamento- "o que fazer?!"
      Quando cheguei no local, olhei aquele vazio e aquele imenso cenário branco, vi refletido nele o natal em Natal. Cada rua da cidade, a entrada da via costeira, a imensa árvore de natal... em meio a toda a atualidade me sinto, nesta época do ano, num natal exibido em preto e branco. Os anos se passando, os autos de natal sendo representados, mas este ano meu espírito natalino se encontra tão presente quanto o Auto do Natal. O espetáculo que vi hoje foi lindo, figurinos muito bonitos, esforço perceptível, empenho, nomes significativos da cultura potiguar... aplaudi todos eles porque conheço, em parte, o que é ser artista e o quanto é necessário o reconhecimento. Mas confesso que nem mesmo um espetáculo tão bonito me confortou, já não conforta mais. A exibição do vídeo de abertura mostrava o natal no Brasil, lindas árvores, iluminação, cores! E o natal em Natal? A cidade que carrega o nome desta data, quando se comemora também a sua fundação, e o que temos é isso. Eu poderia pôr uma imagem, um vídeo, mas basta abrir a janela e NÃO ver o espírito natalino estampado em nossa decoração. Que decoração? Caramba! Nós não temos caviar na mesa e carro do ano para ter uma cidade digna de se viver, mas o que mais perturba, inquieta, indigna, é ver nossos direitos irem embora sem nenhuma ação nossa e, principalmente, sem punição alguma.   
            Sei que tudo é bater na mesma tecla, tudo é comum e óbvio, desculpe-me a perda de tempo se você o leu... mas é que de vez em quando a gente não consegue se conformar sem soltar uma faísca. Apenas a mesma indignação de sempre, só queria que um dia, com quase cem por cento de reprovação, essa faísca pudesse atear fogo nesse gelo que resfria não só a cultura, mas praticamente tudo neste clima quente de Natal, inclusive o natal. Nosso verão é inverno.


Gabriela Albano Lins