segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Breve reflexão natalina (ou natalense, como preferir)

      Fui assistir ao espetáculo de fim de ano "Um presente de Natal". A minha sensação ao chegar no anfiteatro do campus foi imprevisível. Não sei se tenho propriedade para escrever algo sobre a minha cidade e sua gestão pública mas sabe-se que não é necessário ser "entendido" para perceber que a situação atual de Natal é vergonhosa, revoltante, entristecedora... Nem mesmo o bom e velho pão e circo funciona de fato. Não tem disfarce, o desrespeito e o roubo é descarado e a gente se pergunta -em meio a um monte de xingamentos involuntários em nosso pensamento- "o que fazer?!"
      Quando cheguei no local, olhei aquele vazio e aquele imenso cenário branco, vi refletido nele o natal em Natal. Cada rua da cidade, a entrada da via costeira, a imensa árvore de natal... em meio a toda a atualidade me sinto, nesta época do ano, num natal exibido em preto e branco. Os anos se passando, os autos de natal sendo representados, mas este ano meu espírito natalino se encontra tão presente quanto o Auto do Natal. O espetáculo que vi hoje foi lindo, figurinos muito bonitos, esforço perceptível, empenho, nomes significativos da cultura potiguar... aplaudi todos eles porque conheço, em parte, o que é ser artista e o quanto é necessário o reconhecimento. Mas confesso que nem mesmo um espetáculo tão bonito me confortou, já não conforta mais. A exibição do vídeo de abertura mostrava o natal no Brasil, lindas árvores, iluminação, cores! E o natal em Natal? A cidade que carrega o nome desta data, quando se comemora também a sua fundação, e o que temos é isso. Eu poderia pôr uma imagem, um vídeo, mas basta abrir a janela e NÃO ver o espírito natalino estampado em nossa decoração. Que decoração? Caramba! Nós não temos caviar na mesa e carro do ano para ter uma cidade digna de se viver, mas o que mais perturba, inquieta, indigna, é ver nossos direitos irem embora sem nenhuma ação nossa e, principalmente, sem punição alguma.   
            Sei que tudo é bater na mesma tecla, tudo é comum e óbvio, desculpe-me a perda de tempo se você o leu... mas é que de vez em quando a gente não consegue se conformar sem soltar uma faísca. Apenas a mesma indignação de sempre, só queria que um dia, com quase cem por cento de reprovação, essa faísca pudesse atear fogo nesse gelo que resfria não só a cultura, mas praticamente tudo neste clima quente de Natal, inclusive o natal. Nosso verão é inverno.


Gabriela Albano Lins

2 comentários:

  1. Belo texto registrando sua indignaçaõa.Estamos, realmente, precisando da presença de várias faíscas para explodir e causar um fogaréu sem limites que causem mudanças no incentivo a cultura de nosso Estado e, especificamente, da nossa cidade Natal.Estamos em plena época natalina em uma cidade que leva o nome NATAL e não conseguimos sentir o verdadeiro espirito natalino.Um abraço!

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  2. Gabizinha,
    Você conseguiu sintetizar tudo o que sinto! Que alegria ler seus textos,...
    Bjos

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