quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Uma caneta de muita tinta (2008)


     Eu sou uma caneta, risca, risca, traçando aquilo que acredita estar certo, mas quando traço errado, já não dá para apagar. Necessito dos outros para estar sempre na ativa, não consigo viver só. Quando estou quieta, alguém me faz mexer, mas, quando me mexo demais, alguém pega a minha tampa e me faz parar, porque as coisas tem seu tempo e, ás vezes, eu preciso de alguém que me diga a hora certa das coisas. Estou sempre a serviço dos outros. As pessoas vivem a gastar minha tinta mas eu não reclamo, é para isso que sirvo e gosto quando alguém confia em mim e me acha a caneta certa. E se alguém não me dá muita atenção eu rolo e caio da mesa e então, o escrivão cuida de mim e me bota para dormir... segura dentro do estojo, me troca por outra. Tá, tá, eu desculpo, mas é que eu falho de vez em quando.

Gabriela Albano Lins

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