terça-feira, 12 de abril de 2011

Espectador

(12/04/2011)    
 
        Éramos todos pássaros de mesmo ninho. Os pássaros a meu lado, bateram em mim suas asas, alcearam vôo, impediram-me de voar. Continuei batendo minhas asas, não há demora para o que um dia chegará.
        Voaram por algum tempo, na maior parte dele, suas asas se bateram... era necessário que um caísse, desse suporte, para que o outro pudesse continuar.
        Assim foi, até que um dia de baixo, não avistei passáro nenhum no céu. E decidi enfim voar mais alto... não havia pressa.
        Era um céu tão calmo, uma chuva tão fina,  um sol tão aconchegante. E eu via abaixo de mim todo e qualquer pássaro. Ainda olhavam para mim, ainda batiam-se as asas e continuavam a cair.
        Clamavam, gritavam, tentavam me atingir... mas eu já estava tão longe que sequer conseguia escutar.
        O que eles não sabem, é que eu ainda queria que estivessem em vôo ao meu lado. Queria que na migração eterna, comigo viessem cantar, em hora eu estivesse a guiá-los, em outra eles, a me guiar.

Gabriela Albano Lins


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